ANEL lança cartilha LGBT na Unicamp

por Ligia Carrasco
 
 Na última terça-feira, 03 de abril, foi realizada uma atividade de lançamento da Cartilha
LGBT da ANEL. A atividade ocorreu no anfiteatro do IEL/Unicamp e sua mesa contou com a presença de Guilherme, membro da ANEL e colaborador da cartilha e também de Carlos, membro da CSP-Conlutas e professor da rede pública de Campinas. Além dos palestrantes contamos também com a presença de diversos estudantes dos mais variados cursos.

 

Durante as exposições feitas tanto por Guilherme e Carlos como por todos os participantes, com questionamentos ou contribuições ao debate, muito se pôde desenvolver em conjunto acerca do tema. E é exatamente isso que nós da ANEL esperamos poder proporcionar com esse novo material que é a Cartilha LGBT: abrir espaço para que todos possamos entender e elaborar de maneira cada vez mais avançada o debate sobre o que é a homofobia e como fazer para combatê-la.

 
Assim caminhou, então, a discussão. Pudemos ter uma grande explicação sobre alguns conceitos de enorme relevância para que se possa ser entendida a origem da homofobia, tais como sexualidade, gênero e orientação sexual, que dentro de suas significações não só ajudam na qualidade das elaborações, mas também alertam para a maneira como algumas palavras, piadas ou termos podem ser homofóbicos e oprimir um LGBT.

 
Dentre tantos pontos importantes outro debate muito prolongado e necessário durante a atividade foi o problema da homofobia nas escolas. O ambiente escolar, desde muito cedo, é um local onde o conteúdo homofóbico tem morada e, consequentemente, consequências cruéis. Desde os materias escolares que pregam maneiras “corretas” de se relacionar até todas as piadinhas direcionadas aos LGBTs, a perseguição por parte dos professores e diretoria e ameaças de agressão física, tudo isso, faz parte do caráter das escolas. Ao mesmo tempo em que a homofobia nas escolas é um problema tão cotidiano, os professores não possuem o menor preparo para lidar com a questão por ausência de investimentos tanto em políticas públicas específicas como em melhor formação aos professores acerca do tema.

 
Ao passo que a presidente Dilma vetou o projeto “Escola sem homofobia”, o movimento LGBT em especial, mas também movimento estudantil e movimentos sociais como um todo, sofreram uma derrota sendo mais uma vez a discussão sobre diversidade sexual deixada de lado e longe das escolas.

 
Assim, surge a iniciativa da Cartilha LGBT da ANEL. No I Congresso da ANEL, em 2011, os 1700 estudantes participantes votaram por unanimidade a elaboração de uma cartilha como resposta à homofóbica política governamental. Desde então viemos promovendo debates como este do lançamento da Cartilha e, dessa maneira, ampliando os espaços de discussão sobre um problema tão grande como a homofobia e as opressões todas, que urgem em ser combatidas.

 

Criminalização da homofobia! Aprovação imediata do PLC 122 original!

Pela revogação do veto de Dilma ao projeto “Escola sem homofobia”!
Por 10% do PIB para a educação pública já! Não ao PNE do governo!

 
Para adquirir sua Cartilha procure os estudantes que constroem a ANEL.

  

Mais um caso de homofobia em Barão Geraldo.

por João Pedro Mendonça “Portuga”

No último dia 10 de março no Bar Brahma em Barão Geraldo, um casal teve a sua conta fechada e foram escoltados para fora do bar. Agiam normalmente e, como qualquer outro casal, demonstravam o seu afeto e se acariciavam, mas tinham um diferencial: eram homossexuais.

Já são corriqueiras as histórias de gays que são expulsos de bares. Em 2010 aqui mesmo em Barão Geraldo com o casal de lésbicas na Sappore Pizza. Além daqueles que são violentamente agredidos, como o que aconteceu em também no dia 10/03 com dois jovens em Salvador (BA) que foram brutalmente espancados por 6 homens. Sem esquecer dos casos de morte, como a travesti Gardênia que foi assassinada no centro de Campinas no final do ano passado, idêntico ao caso da Camile em 2010.

Os LGBTs passam por diversas situações de opressão em casa, na escola, no trabalho, nas ruas, e essa forma de opressão se chama Homofobia. Embora digam que hoje os homossexuais tem mais direitos, aparecem mais, estão no cinema e na televisão, a homofobia, ao invés de diminuir, tem aumentado ano a ano. O Brasil é o país em que há o maior número de violência contra LGBTs: aqui, um homossexual morre a cada dois dias.

E se os governos não fazem nada em relação a isso, eles também são cúmplices desses crimes. Um exemplo recente é o papelão que a presidente Dilma cumpriu em relação à PLC 122 que criminalizaria a homofobia e o “Projeto Escola Sem Homofobia”, que introduziria o combate a essa opressão nas escolas. Dilma tem enrolado a aprovação da PLC e vetou o chamado Kit Anti-homofobia por ser pressionada pela bancada conservadora e evangélica do congresso.

A criminalização da homofobia e a introdução do combate à opressão nas escolas não acabariam com a homofobia, mas são importantes dispositivos que a combateriam, permitindo os LGBTs a frequentarem bares sem serem expulsos e a saírem à rua sem medo de apanhar ou morrer, seguros de que podem ser e amar quem bem quiserem e como quiserem. Ao mesmo tempo, aqueles que tem aversão às mais diferentes formas de amor, pensariam duas vezes antes de atacar uma pessoa na rua pelo fato dela estar demonstrando a sua afetividade.

– Aprovação da PLC 122 que criminaliza a homofobia.
– Pela aplicação de um Kit Anti-homofobia nas escolas para educar sobre a diversidade sexual. 

Por isso, queremos convidar a todos para debater o tema e juntarem-se neste combate!

Dia 03 de Abril, às 16h no IEL.

Convidados:
Guilherme Rodrigues: integrante da ANEL-SP,
Carlos Caetano: secretaria LGBT do PSTU – Campinas
Janaína: Grupo Identidade.

https://www.facebook.com/events/254260671335580/

Video do lançamento da cartilha!

ANEL discute homofobia

Dia 16/06, 5ª feira, 17h30, acontecerá no auditório do IFCH mais uma atividade pré-congresso da ANEL – Campinas. Mais uma vez colocaremos em debate a homofobia um dos principais temas da última Assembléia Estadual de São Paulo e do 1º Congresso, que será realizado nos dias 23, 24, 25 e 26 deste mês, no Rio de Janeiro.

Já está confirmado para a atividade o estudante da USP e da ANEL São Paulo, Guilherme, que este ano foi agredido vítima de homofobia, o professor Omar da antropologia da Unicamp, e a professora da rede pública estadual, integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas, Rita Frau.

Veja um pouco do que a ANEL tem promovido na luta contra a homofobia:

Anel à frente do combate às opressões na Unicamp

Anel contra a barganha do kit homofobia: mais uma traição do governo Dilma

Anel pela aprovação da PLC 122

A ANEL COLOCA NA RODA O DEBATE SOBRE AS OPRESSÕES

É HORA DA VIRADA!
A ANEL COLOCA NA RODA O DEBATE SOBRE AS OPRESSÕES

No dia 28/04 houve uma atividade artística cultural no IFCH, organizada pelos ativistas que constroem o I Congresso Nacional da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre). Durante a atividade, foram distribuídos adesivos da campanha “É hora da virada contra a homofobia” (campanha impulsionada pela ANEL e CSP-Conlutas), que foram extremamente bem recebidos pelas pessoas em geral, que os colavam em suas roupas. No entanto, infelizmente, na mesma noite tivemos um exemplo nítido do quanto é atrasado o debate acerca das opressões, mesmo entre aqueles que se reivindicam “progressistas” e “sem preconceitos”, artistas e público universitário.

Durante a atividade, da qual participavam muitas pessoas de diversos institutos, a banda “Los Cones” tocou duas músicas que expressavam machismo e homofobia, momento em que alguns ativistas da ANEL interromperam a banda no microfone, quando o espaço se polarizou entre “Toca!” e “Não toca!”.  Essa questão repercutiu pela universidade e também na internet, e queremos entrar no debate com aquilo que consideramos central em tudo o que aconteceu. A princípio é interessante, a nosso ver, que esse fato tenha ocorrido. Sem ele não seria possível discutir com tanta abrangência uma temática tão importante, e sobretudo presente para aqueles que convivem diariamente com a opressão.

Antes de mais nada, passemos ao conteúdo das letras, que cabe ressaltar, na opinião da banda não são opressoras. “Priscilly” fala de um transexual que se prostitui. Descreve o mesmo da seguinte maneira: “Uma barba rala, pelos em suas pernas, deformidades em seu rosto”. Em seguida, diz que, para um heterossexual à procura de uma prostituta, encontrar um transexual (de quem ele logo irá querer “se livrar”) é uma “cena tensa e dramática”. Para que não fiquem dúvidas, basta pensarmos se uma música como essa seria bem recebida num espaço organizado em defesa do movimento LGBTT, com a presença de transexuais. Para nós, é evidente que não. Trata de um transexual como simples objeto de desejo e/ou desprezo sexual, como uma mercadoria desumanizada, sem vontades. Já “Prezeppada” é uma música sobre uma “depravada sexual” da qual o cara da música “não abre mão” porque ela o satisfaz, que submete a mulher a uma condição de não poder decidir sobre sua própria vida sexual sem ser também mercantilizada ou tratada como “vadia”.

Para além da objetividade da opressão nos conteúdos, gostaríamos de avançar no debate quanto a forma como o machismo e a homofobia são discutidos. Ao contrário de argumentos que surgiram de que a prática da ANEL foi de censurar a banda, nós damos a esse fato um outro nome: combate às opressões. Argumentos levantados contra a ANEL foram tais como “o público pediu” ou “os próprios artistas não se consideram homofóbicos ou machistas”. Pois bem, a luta contra as opressões passa necessariamente por se enfrentar com as situações mais cotidianas, com públicos e sujeitos diversos, mesmo que esses não reconheçam o caráter de sua própria prática. Serão os homens os primeiros a perceber o machismo em seu próprio comportamento? Serão os heterossexuais os primeiros a perceber o que é a homofobia? Para nós da ANEL, a disposição de qualquer ativista ou qualquer pessoa que se indigne com situações de opressão é fundamental e será sempre causador de conflitos. Trata-se de um questionamento que nada contra a maré, numa sociedade que impede que as pessoas manifestem sua orientação sexual, sua cor ou gênero.

Reafirmamos o conteúdo do adesivo distribuído na festa: é hora da virada, para nós não é possível que os setores oprimidos tenham que abaixar a cabeça e levar constrangidos a sua opressão para casa. Não podemos relativizar a supressão das diferenças, sua transformação em desigualdades. A ANEL é parte daqueles que tras em seu programa e em sua prática cotidiana o combate a qualquer postura como essa a que presenciamos.

Nenhuma tolerância a nenhum tipo de opressão!

Fica o convite: no dia 15/05 acontece a Assembléia Estadual da ANEL (SP), onde teremos como debate na mesa de abertura a Luta contra a Homofobia.